Um tapinha não dói?

28 11 2010

Esta semana um deputado do Rio de Janeiro nos agraciou com o que seria uma técnica revolucionária para evitar que pessoas continuem “virando” gays. Segundo o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) ” bater nos filhos pode ajudar a mudar um suposto comportamento homossexual da criança”.

Muito bem deputado! Sua dica é um exemplo que deve ser seguido por todos os pais que desejam que seus filhos sejam machos, valentes, sem frescuras e que  cresçam cheios de traumas, rancores e revoltas contra os pais e a sociedade e que, já nos primeiros anos de convívio social começarão a bater nos coleguinhas, não respeitarão seus professores e causarão alguns pequenos incômodos aos pais. Mas nada comparado à grande tragédia que seria ter um filho gay, certo? Mesmo que na adolescência ele bata em mendigos e venda a TV de LED da família pra comprar drogas, ainda assim, esses pais estarão no lucro, afinal, podia ser pior…

Claro que é possível que a criança, mesmo tendo apanhado muito dos pais ao menor sinal de “desvio sexual”, não caia no mundo das drogas e nem bata em mendigos. É possível que essa criança, de tanto ouvir que ser gay é uma desgraça, entenda perfeitamente o que ela precisa fazer pra acabar de vez com esse mal que é a homossexualidade: bater em gays. E esse tipo de atitude realmente deve deixar esses pais muito orgulhosos.

Infelizmente a sugestão desse deputado não acaba com a ignorância, pois, se acabasse, eu iria sugerir que alguém desse uma surra nele. Uma assim meio diferenciada. Do tipo “quebrar lâmpadas fluorescentes” na cabeça da pessoa.





Ser ou não ser urbano?

15 11 2010

Quem diz que a vida no interior é mais tranquila e saudável ou nunca viveu no interior ou nunca foi gay. Tempos atrás escrevi sobre a hipocrisia que impera em pequenas cidades e, na época, já concentrava meus esforços pra me mandar pra um lugar melhor maior. Pois bem, o dia da partida chegou. Meus esforços deram tanto resultado que, no final, eu pude até escolher meu destino. Assim vim parar na capital dos gaúchos…

Sair de uma vila com pouco mais de 5 mil habitantes e cair numa cidade com mais de um milhão é uma experiência bem interessante, mas meio frustrante também.  Acho que já aprendi a me virar com o transporte público, aprendi a atravessar ruas sem ser atropelado, consigo encontrar os lugares pra onde quero ir (thanks to Google Maps) e tenho me virado bem com o básico. Mas me sinto meio sem cultura por aqui. As pessoas falam sobre política, artes, conhecimento e todos esses assuntos interessantes de uma forma tão natural que eu me perguntava como isso era possível. Isso foi até eu perceber o motivo pelo qual a vida em uma grande cidade realmente vale a pena: as oportunidades que ela te dá de ser uma pessoa melhor. É só imaginar (e ter dinheiro) que você pode fazer o que quiser aqui. E o melhor de tudo: você pode ser o que você quiser ser. Ninguém dá a mínima. Ninguém quer saber. Ninguém se importa. O anonimato é outro desses prazeres que só quem vive em uma cidade grande pode ter.

Ah, sim, tem a violência, a poluição, o barulho, o trânsito caótico e todos esses fatores que contribuem pra uma vida bem estressante, mas isso tudo faz parte do pacote e, quanto mais eu me adapto com minha nova vida, mais eu tenho essa sensação gostosa que nunca antes tinha experimentado: a de que estou em casa.





Ser ou não ser blogger?

9 11 2010

Ok, ninguém mais deve ler o blog, mas continuarei a escrever mesmo assim porque era aqui que eu descarregava todo (ou quase todo) o meu mau-humor tempos atrás. Faz alguns meses que parei de atualizar isso aqui (e minha parceira envenenada também não apareceu), então tive que rever algumas coisas. Entre posts apagados e novas ideias de como seguir com o blog cheguei a uma conclusão: tudo vai continuar exatamente como estava. Vou continuar com meus posts meio deprimentes, meio mal-humorados, meio ácidos, meio sem sentido, meio desinteressantes, meio gramaticalmente incorretos e sem NENHUMA cultura útil. Porque meu objetivo aqui é reclamar da vida e falar mal de pessoas e situações que me incomodam. Eventualmente eu fico meio filosófico e começo a questionar o sentido da vida e imagino quem eu sou em um universo paralelo. Mas nada disso importa, o que importa é que eu preciso colocar essa energia negativa em algum lugar porque esse veneno todo não deve fazer bem pro músculo cardíaco, então, é aqui que as coisas vão ficar. E você pode ler e concordar comigo ou pode ler e não concordar. Ou ainda tem a opção de não ler. Independente da sua escolha, você não tem nada a perder e nada a ganhar. E eu realmente não me importo com isso.  Minha única preocupação é destilar meu veneno!





Ser ou não ser pop?

9 06 2010

O mundo POP já não é mais o mesmo… Lembro-me de quando Madonna escandalizava a todos com musiquinhas inocentes do tipo “Like a Virgin”. Lembro também das Spice Girls e seu “Girl Power” na tentativa de finalmente colocar as mulheres no mesmo nível que os homens quando o assunto era sexo. Tivemos algumas tentativas de termos sucessoras de Madonna e a Britney, que parecia ser a escolhida, não deu conta. Chegou perto, é verdade, quem não lembra daquele beijo Madonna/Aguilhera Madonna/Britney (how could it hurts you when  it looks so good?)? Mas parece que o século XXI precisou chegar às portas de sua segunda década para que as coisas começassem realmente a mudar e para que tivéssemos uma verdadeira sucessora para Madonna.

Nas últimas duas semanas vi dois videoclips que me deixaram realmente impressionado. O primeiro foi “All The Lovers” da Kylie Minogue. Que clip é aquele? Perdi a conta de quantas vezes assisti e acho que ainda não entendi o que ele quer dizer. É impossível não pensar em uma grande suruba a céu aberto, mas, quando chegamos nos segundos finais do clip já não há mais como pensar na perversão que estava na sua cabeça quando o clip começou. O clip é lindo e, por mais bizarro que possa parecer, aquela suruba termina de uma forma tão pura que faz você se sentir mal por passar o clip todo vendo obcenidades onde não existe (ou será que existe?). A única coisa na qual eu tento não pensar muito é na mensagem que quiseram passar com aquele cavalinho branco (medo de descobirir!).

E, ontem, vi  o segundo clip que me deixou boquiaberto: Alejandro. Acho que já é consenso que Lady Gaga é a sucessora natural de Madonna e, por mais que eu tenha relutado em gostar dela, acho que deve ter aguma coisa no sangue dos viados que faz Lady Gaga funcionar como um imã… Mas, vamos ao clip: se Kylie Minogue já tinha me deixado impressionado, Lady Gaga foi além. Estou em choque! Não imaginei que viveria para ver cenas como essas… Acho que aqui não existe nada de puro nas perversões que ficaram (ou não) subentendidas. Mas o que mais me agradou foram aqueles homens fortões em posições que normalmente são ocupadas pelas mulheres. Sempre é muito comum ver a própria estrela em posições submissas ou se contorcendo em uma cama, mas Lady Gaga foi diferente. Ela está lá naquelas cenas eróticas, mas não como a submissa da história. Por que seguir os padrões quando queremos quebrar com eles, não é mesmo? Não que eu seja contra as mulheres estarem na posição “submissa”, mas por que só elas? Por que demorou tanto para os homens serem colocados no mesmo lugar? Ah, claro… As mentes machistas que encaram a submissão como uma situação degradante que só pode ser aceita por mulheres… Acho que Lady Gaga pensa diferente. E, embora eu concorde que homens e mulheres precisem ser tratados igualmente, ao terminar de ver o clip não pude deixar de me perguntar: será que a submissão é realmente uma posição inferior?

Os clips são excelentes, fizeram eu me sentir realmente no século XXI, mas o fato de eles terem me impressionado desse jeito me deixa preocupado. Será que tenho a mente tão aberta quanto pensei que tinha? Será que meus conceitos que eu julgava serem avançados para o século XX são ultrapassados no século XXI?

Acho que meu lugar no tempo é este e terei o resto da minha vida para tentar descobrir se sou realmente capaz de aceitar as diferenças e me adaptar às mudanças. Não parece uma tarefa muito fácil, mas, com certeza, será divertido!





Ser ou não ser heterossexual?

3 06 2010

Faz dias que o blog não é atualizado então, só pra não passar o feriado em branco, vou dividir um texto de um site que gosto muito chamado E-jovem. Faz tempo que li o texto pela primeira vez mas,  hoje, achei ele especialmente irônico.

“O famoso Dr. Kinsey, autor de ‘Sexual Behaviour of the Human Male’ – estudo que tem fundamentado tudo o que se diz sobre sexualidade masculina desde meados do século passado – afirma em seu livro que o motivo pelo qual homofóbicos se opõe a homossexualidade é bem simples: o medo do crescimento da atividade homossexual. Conclui o Dr. Kinsey que com menos homofobia haveria muito mais homossexualidade. Ao se remover a pressão social que reprime a atração pelo mesmo sexo, o desejo homossexual cresceria e se espalharia naturalmente em larga escala. 
Por outro lado, a heterossexualidade parece estar em baixa: os vultosos recursos investidos pela sociedade e a mídia na promoção da heterossexualidade (vide comerciais de cervejas a bancos) só pode levar a crer que essa é uma orientação pouco atrativa, e que a população tem que ser constantemente bombardeada com os valores heterossexuais para poder se manter nesse rumo…

Então, aos heterossexuais, fica a dica: continuem assistindo a comerciais de bancos e de cervejas. E, aos publicitários, o apelo: tentem fazer comerciais menos atrativos aos homens.





Ser ou não ser Argentino?

16 05 2010

Com a Copa do Mundo de Futebol chegando, aquela velha rivalidade entre brasileiros e argentinos, inevitavelmente, ganha uma força maior. Essa disputa entre as duas nacionalidades sempre me pareceu uma grande bobagem, afinal, é indiscutível que somos melhores do que eles no futebol.

Contudo, em alguns aspectos, eles são incomparavelmente melhores do que nós e, se não ficássemos o tempo todo exaltando nossa superioridade no “circus turma”, talvez pudéssemos aprender algumas coisinhas com eles.

Por algum motivo as novelas brasileiras (tipo exportação) nunca mostraram um beijo gay. Lembro que há alguns anos houve uma grande polêmica sobre o possível primeiro beijo gay da TV na novela América e o resultado foi uma grande frustração. Ok, teve uns beijinhos entre duas gurias em uma novela, mas não dá pra considerar. Foram tão vazios, rápidos, sem emoção, sem sentimentos e, principalmente, sem trilha sonora.

Nossos hermanos, por outro lado, já deixaram essa fase há muito tempo. Este mês a novela “Botineras” exibiu uma cena de sexo entre dois homens que eu nem ousaria pensar em ver numa novela brasileira. Quando li a notícia, descobri que o primeiro beijo entre os personagens aconteceu há mais de dois meses. Isso já teria sido suficiente para me deixar impressionado, mas, para minha surpresa, vi que beijos gays já fazem parte das novelas Argentinas desde 2003! E, para mostrar que não é só na ficção que os homossexuais estão sendo tratados com igualdade, em dezembro foi realizado o primeiro casamento gay do país. Ainda não há uma lei definitiva para que todos os homossexuais do país possam se casar, mas o projeto já foi aprovado pelos deputados e está a um passo de colocar a Argentina no seleto grupo de países onde todos os cidadãos têm direitos iguais.

Enquanto isso, no Brasil, um certo reality show fez o país levantar a bandeira do machismo e da homofobia, bater bem forte no peito e gritar bem alto o quanto se orgulha disso! Nunca antes a expressão “we have bananas” fez tanto sentido!





Ser ou não ser inocente?

24 04 2010

Esta semana encontrei uma foto de quando eu tinha 5 anos de idade em um desfile de sete de setembro do meu primeiro ano numa escola. Minha memória é meio estranha, eu consigo lembrar detalhadamente do meu período de pré-escola, mas não lembro quase nada da minha adolescência. Em todo caso, minhas lembranças daquele ano são, em sua maioria, muito boas. O desfile, entretanto, não foi tão bom… Eu fazia parte da ala dos brinquedos e tive que desfilar com um chocalho muito feio que não combinava com minha calça branca e minha camisa de listras verticais brancas e vermelhas. Lembro da vontade quase incontrolável de estrangular o Eduardo para que eu ficasse com as cornetas. Pra meu azar ele foi colocado logo atrás de mim… Eu tava com muuuita raiva. Quem ia olhar pro cara do chocalho feio quando o Eduardo e suas cornetas vinha logo atrás?

Mas eu não poderia matar o Eduardo, ele era o único guri (além de mim) que não gostava de futebol. E, quando minhas professoras iam lá me tirar do meio das gurias pra me obrigar a jogar futebol, eu tinha a desculpa de dizer que não estava brincando com as meninas e sim com ele (funcionou algumas vezes).

Eu adorava aquela escola! Eu me sentia amigo de todos e era semi-popular. As professoras me adoravam porque eu era educado, inteligente, atencioso e muito comportado (não se iludam, eu só agia assim porque isso fazia bem pra minha fama).  A guria mais bonita era a Suélen e eu arrastava um caminhão por ela. Tinha também o Alexandre que vivia arrumando confusão e era detestado por quase todos, mas que, por motivos que só meu inconsciente deve saber, acabou se tornando meu melhor amigo. A Celo era uma menininha pobre e rejeitada pelas outras gurias. Era magrinha e tinha uma aparência frágil, mas era tão querida que, por mais que me dissessem que ela tinha piolhos, eu nunca consegui não gostar dela. Uns dois anos depois, quando me ensinaram que as pessoas eram diferenciadas pela cor da pele, descobri que ela era negra (até hoje me pergunto se as outras gurias já sabiam disso e esse era o motivo de não quererem brincar com ela). Havia também a Lu, que ia pra aula de vestido curto e sem calcinha. E tinha o depravado Léo (eu) que, sabendo do detalhe sórdido da coleguinha, a incitava a rodopiar como uma bailarinha só pra ver o vestido subir e… bem… vocês sabem.

Minha melhor lembrança daquela época, contudo, é a do meu primeiro crime premeditado. Uma bela tarde decidi que queria fazer algo de ruim e, faltando quinze minutos para o término das aulas pedi para ir ao banheiro. O banheiro tinha três privadas e havia uma porta para cada uma. Essas portas não chegavam até o chão, tinha um espaço de aproximadamente 20 cm (suficiente pra um cara magrinho como eu passar tranquilamente, mas quase impossível para a maioria dos meus outros colegas). E, sabendo disso, tranquei-as por dentro e saí por baixo. Fiz isso nas 3 portas e voltei pra sala com minha cara de menino inocente. Como a escola só tinha aulas no período da tarde, minha arte só seria descoberta no dia segunte e ninguém iria suspeitar de mim.

No dia seguinte… Antes de saírmos para o recreio, as professoras nos levaram até o pátio e nos colocaram em fila.  “Estamos muito decepcionadas com vocês!” Naquele momento eu soube que meu plano tinha sido perfeito. E o melhor de tudo: eu tinha certeza de que nunca ninguém desconfiaria da minha pessoa. Tudo o que eu precisava fazer era me manter lá, com aquela cara de menino inocente e, eventualmente esboçar alguma expressão de indignação com o que haviam feito no banheiro. Foi difícil, muito difícil! A vontade de rir era enorme! O momento mais difícil foi quando as professoras mostraram os dois guris que tiveram que ir fazer xixi no banheiro das meninas (minha sorte foi que quase todos riram também). Só não foi melhor porque eu não fui o escolhido para ser o herói a entrar por baixo das portas e abrí-las. Naquele dia perdemos metade do recreio, mas eu não me importei nem um pouco, pois eu soube que eu poderia fazer tudo o que eu quisesse que ninguém jamais supeitaria de mim, afinal, eu era o aluno exemplar.

Infelizmente esses meus impulsos para o crime foram sendo sufocados com o passar dos anos e eu virei um cara que realmente segue as regras e faz a coisa certa. Provavelmente porque eu sou um baita de um medroso… Mas a vontade de voltar a ser inocente como uma criança de 5 anos, essa eu não consigo sufocar…





Ser ou não ser criminoso?

12 04 2010

“Secretário de Estado do Vaticano liga casos de pedofilia ao homossexualismo”

Segundo ele, a causa da pedofilia não é o celibato, é o “homossexualismo”. Sim, pois homossexuais é que vão contra a natureza. O celibato não contraria em nada a natureza humana.

Eu tento, juro que tento respeitar e me manter neutro quando o assunto é religião, mas tem horas que o sangue ferve! Se não bastasse tudo o que a Igreja contribui para o ódio contra gays, agora eles nos acusam de sermos os responsáveis pela pedofilia?

É verdade que muitos pedófilos também são homossexuais, mas existem muitos outros que são heterossexuais. E aí, quando os caras abusam de menininhas indefesas, os gays são culpados de quê?

 

Gays e celibatários têm algo em comum: sua sexualidade é tida como algo errado, infame, demoníaco. Vamos ser honestos, quem pode desenvolver uma sexualidade saudável sendo bombardeado por essas palavras ao menor sinal de um pensamento “impuro”? Me parece natural que pessoas que moldam seus desejos dessa forma venham a ter algum tipo de problema com sua sexualidade. Infelizmente, muitas vezes, quem paga por isso são as crianças.

A Igreja só está colhendo o que ela mesmo plantou! Esses escândalos de pedofilia em que ela está envolvida deixam claro que ela tem culpa nisso. O celibato nos padres ou as perseguições aos homossexuais são a sua contribuição direta com muitos casos de pedofilia. E agora ela quer colocar a culpa na gente? Dando a entender que todos os gays são responsáveis pela pedofilia? Me desculpem, mas essa culpa eu não carregarei! Já foi chato demais crescer com medo de ir para o inferno, não vou passar o resto da minha vida com medo de ser um criminoso.





Ser ou não ser inseguro?

8 04 2010

Quando a personagem desta história foi morar em Curitiba e tudo começou a dar certo no campo profissional, ela decidiu que estava na hora de encontrar pretendentes a futuros genros de sua mãe.

Um detalhe interessante dessa guria é que, apesar de ser linda, inteligente e cheia de atributos que a tornam um espetáculo de mulher (sem esquecer das acrobacias que eu ouvi dizer que ela sabe fazer na cama), quando ela morava no interior, ela estava sempre sozinha. A minha teoria para explicar o paradoxo? Os homens daqui tinham medo dela. Não tinham coragem de chegar nela porque a achavam demais pra eles (e, honestamente, eles tinham razão…).

Felizmente os homens de Curitiba eram mais seguros de si e, em poucos dias, ela já tinha conhecido vários pretendentes. Jovens de futuro promissor, inteligentes, bonitos, outros não tão jovens assim, morenos, loiros, latinos, europeus, orientais… Mas teve um que a atraiu de maneira diferente. Bonito, bom papo, tinha mestrado, falava 3 línguas (estava aprendendo a quarta) e os braços… Ah, os braços… “Ele tinha os braços ‘coisiadinhos’, sabe? Era esse! Tinha que ser esse! Encontro marcado, melhor roupa, melhor perfume, tudo mais que as mulheres fazem naquelas quatro horas que antecedem um encontro e, finalmente, ela estava pronta.

E ele? Um  verdadeiro gentleman! Pontualíssimo, no horário combinado foi buscá-la, abriu a porta do carro para ela antrar (que fofo!) e foram em algum desses lugares legais que os homens levam as mulheres antes de levá-las para o motel. Antes de saírem do carro, no entanto, algo chamou a atenção da nossa heroína: seu acompanhante estava colocando algum tipo de corrente  na direção do carro. “Tenho medo de que roubem o meu carro” se explicou ele.

O jantar foi ótimo, a conversa agradável, eles tinham mais em comum do que ela poderia imaginar e ele era tão encantador, tinha uma charme tão diferente dos outros caras. Mas, definitivamente, esse não seria o genro de sua mãe.

Na sua cabeça uma voz gritava: “CORRENTES NO VOLANTE NÃO!!!!!”





Coluna ‘Enfim, sós’ – Mas o que a Tati faz mesmo?

1 04 2010

Bom, algum dia eu tinha que aparecer, né não? Fiquei tão inspirada com os dois últimos posts do meu amiguinho de destilaria, que resolvi dar as caras aqui também.

Dessa vez, eu vou falar de um assunto que tem sido foco da minha vida nos últimos dois anos: meu trabalho. O mais engraçado disso é que a maioria das pessoas da minha família e amigos não fazem ideia do que eu faço da vida.

Veja minha avó, por exemplo, ela vai saber falar direitinho sobre a profissão de todos os outros netos: um está se formando em medicina, dois em engenharia, a outra neta será advogada, mas e a Tati, o que ela faz mesmo?

Pois é… eu sou praticamente o Chandler da minha família, ninguém consegue lembrar o que faço da vida. No começo, eu achava uma injustiça, que as pessoas só valorizavam as profissões clássicas, os famosos anéis de doutores.

Depois, com um tempo, eu me dei conta que a culpa é nossa. Nós, profissionais de comunicação, somos especialistas em vender produtos, serviços e promover marcas, mas as pessoas pouco conhecem sobre nosso trabalho. Não sabem o que é a vida em uma agência de comunicação, não entendem o que é marketing, não sabem que publicitário não é apenas o cara que faz comercial na TV… Se entrarmos no quesito Mídias digitais, então, o povo já fica logo com aquela cara de ‘whathefuck?’, que dá até preguiça de explicar.

Enfim, não dá pra esperar que minha mãe entenda ‘o que eu tanto faço, que vivo em reunião’, ou então que meus amigos compreendam que não é por vontade minha que não escrevo, telefono, mando SMS, mensagem de voz, sinal de fumaça, ou que meu marido não ache que seja fácil pedir uma folga, já que virei 3 noites seguidas, trabalhei o carnaval inteiro, finais de semana e afins.

Ninguém entende nada disso porque, quando as pessoas pensam em publicitário, a imagem que elas têm é daquele cara que ganha 20 mil por mês pra trabalhar da praia, ficar pensando em bobagem, ter idéias brilhantes para marcas multimilionárias e que vive ganhando prêmios, como um popstar. Eu bem que queria ser esse cara, aliás, todos que escolhem essa profissão na hora do vestibular também sonham com esse emprego… O problema é que ele não existe e, se existir, é para poucos 1% , estes, sustentados pelos outros 99% que seguram a onda e colocam a mão na massa

Só quem trabalha com comunicação e, em especial numa agência, sabe o que a gente passa no dia a dia, compreende as durezas dos prazos absurdos, o caos das concorrências e licitações, os clientes enlouquecidos e enlouquecedores, o frio na espinha quando chegam os pedidos de alterações e todos aqueles momentos dolorosos do ‘se fode ai’.

Mas também só a gente consegue entender a delícia do ambiente em que trabalhamos, onde é normal chegar de havaianas (quando não tem visita de cliente, é claro), onde podemos fazer aquela reunião de brainstom num barzinho, levantar da cadeira e dançar funk pra descontrair e compartilhar aquela sensação de dever cumprido quando recebemos um ‘tapinha’ nas costas e ouvimos aquele grito ‘fechamos a conta!”.

Pra resumir, é um trabalho de corno, mas eu amo muito tudo isso: